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IGREJA PRESBITERIANA INDEPENDENTE DO BRASIL

"VENHA O TEU REINO" - O REINADO DO PAI

O que o Reino de Deus nos ensina sobre nossa relação com Deus

O que a Bíblia fala sobre o Reino de Deus

“venha o teu Reino;
seja feita a tua vontade,
assim na terra como no céu;

(Mateus 6.10).

Rev. Marcos Nunes
Diretor da Faculdade de Teologia de São Paulo da IPI do Brasil (FATIPI)

Esse pedido de Jesus está dentro da oração do Pai Nosso. Uma oração em que Jesus ensinou seus discípulos sobre como deveriam orar.

Para muitos, a oração é um exercício espiritual. Algo que precisa ser posto em execução, como correr ou caminhar. Mas, na maioria das vezes, não somos bons nos esportes e, por isso, deixamos de ser bons na vida de oração.

A oração é um aspecto da vida cristã em que sempre estamos em falta. Talvez porque temos visto a oração como uma obrigação, uma disciplina para que possamos alcançar a maturidade na vida cristã. E tudo que se torna uma obrigação torna-se um fardo pesado.

Poucos têm visto a oração como uma amizade com Deus, pelo simples prazer de estar em sua presença e gozar de sua companhia.

Clemente de Alexandria, um dos primeiros pais da igreja, disse: “Orar é manter companhia com Deus”.

A oração é o manifestar de uma amizade sincera e transparente com Deus e não uma disciplina rigorosa. A oração é relacionamento com Deus e não uma realização, como se eu quisesse alcançar um objetivo.

O problema é que não sabemos o que significa amizade. Tem sido raro encontrar alguém que tenha tido uma verdadeira experiência de amizade.

Normalmente, as amizades são baseadas na utilidade, no que o outro pode me oferecer e eu a ele.

Isto acaba revelando também a fragilidade da nossa amizade com Deus. Quando vejo pessoas dizendo para Deus “eu ordeno” ou “eu exijo” ou “eu reivindico”, fico pensando: que tipo de amizade estão construindo com Deus? Que imagem de Deus estas pessoas têm em mente quando oram?

Oração tem que ser fruto de uma amizade íntima, sincera e transparente. Deve ser fruto de um desejo enorme de estar na presença de Deus. Deus está à procura de verdadeiros adoradores que o procurem não por aquilo que Ele pode dar, mas pelo simples desejo de estar na sua presença.

Essa amizade com Deus é transformadora. Porque não só conhecemos a Deus, como nos tornamos conhecidos. A oração transforma quem ora, Daí a importância de orarmos mais, de caminharmos na presença de Deus. Por isso devemos fazer como os discípulos e pedir: “Senhor, ensina-nos a orar.” E Jesus ensinou a oração que conhecemos como “Pai nosso.”

Jesus disse certa vez: “O Reino de Deus está dentro de vós”. Então, quando oramos pela vinda do reino de Deus, significa aceitar seu governo em nós. Portanto, não somos mais controlados pelas nossas vontades e desejos, mas pelo Pai, como Jesus era. Paulo, referindo-se a esse governo de Deus em nós, diz: “Não sou eu mais quem vive, mas Cristo vive em mim”(Gl 2.20).

A porta da oração é a porta que leva aos nossos corações. Devemos então orar constantemente: “Venha o teu Reino.” Orar assim significa dizer: “Venha, Senhor, e domina o meu coração, penetra lá no fundo do meu ser.”

Esse deve ser o nosso orar sem cessar de que Paulo fala em Tessalonicenses para, a cada dia, termos mais consciência do governo do Pai sobre nós.

Jesus inicia a oração com “Pai Nosso”. Pai que não é só meu, mas de todos e todas. Portanto, a oração é comunitária, envolve a igreja, o povo de Deus.
Na oração também nos deparamos com a santidade de Deus. E, diante da santidade do Pai, reconhecemos a nossa pecaminosidade, ou seja, nos conhecemos, quem realmente somos e o quanto precisamos da graça de Deus.

A oração sincera livra-nos da soberba, de acharmos que estamos no controle da nossa vida. A oração nos coloca na dependência de Deus. Por isso, clamamos: “Venha o teu reino”. Não oramos: “Vamos ao teu reino”, mas pedimos que o reino se estabeleça em nós e entre nós.

Se queremos o Reino em nós e entre nós, faz todo sentido também pedir: “Seja feita a tua vontade, assim na terra como nos céus”. Deus está cercado de anjos que o obedecem no céu. Assim deve ser conosco aqui na terra. Não sabemos plenamente qual a vontade do Pai, mas temos o Espírito Santo e a Bíblia para nos guiar.

O apóstolo João disse: “Esta é a confiança que temos para com Ele, que, se pedimos alguma coisa segundo a sua vontade, Ele nos ouve” (1Jo 5.14). Quando nos submetemos à sua vontade, o Espírito Santo ora em nosso favor para que possamos saber cada vez mais qual é a vontade do Pai, através das nossas orações.

Jesus diz: “Seja feita a tua vontade” logo depois de dizer: “Venha o teu Reino”. Portanto, se estamos sendo governados pelo Pai, certamente vamos querer que a sua vontade seja feita, assim como é no céu, seja aqui na terra.

Essa oração nos faz olhar para o futuro quando Deus trará plenamente o seu reino e a sua vontade sobre a terra. A esperança de nossos corações é a de vermos a vontade do Senhor sendo realizada aqui na terra, como é realizada nos céus.
“Venha o teu reino” deve nos levar a viver de acordo com a vontade do Pai, semeando paz, alegria, bondade, solidariedade, justiça e amor para com as pessoas.

O que podemos aprender com a expressão “Venha o teu reino”?
“Venha o teu reino” significa que meu compromisso não é com os reinos deste mundo, mas com o reino do Pai. Isso não significa isolamento do mundo. Pelo contrário, leva-nos a viver o senhorio de Cristo em todas as áreas da vida, de vivermos neste mundo como súditos do reino de Deus.

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